

O livro de poemas É Prudente Matar um Calado reflete metaforicamente o cotidiano do autor, um autor escorregadio que se mostra sem se mostrar, ou melhor, mostra-se – quase – apenas por seus poemas. Não ficamos conhecendo seu cotidiano senão por dentro, senão escrito, senão pensamento escrito, sendo simplesmente: poesia. Entretanto, na obra o autor dobra sua própria esquiva e oferece vagamente uns laivos de interior, de seus avós, dos sotaques brasileiro e português, de uma nesga de infância. Porque escrever, mesmo a obra mais ficcional e fantasiosa, impossibilita esconder-se, é inevitavelmente mostrar-se. É Prudente Matar um Calado oferece-nos um espaço onde não se ser, mas estrelar-se nas multidões. E é na leitura que isso é possível.